Sessão Pipoca: Bonequinha de Luxo
Postado por Caroline Andrade
Holly
Golightly (Audrey Hepburn) é uma acompanhante de luxo que vive em Nova York e
tem como objetivo de vida se casar com um milionário. Seu refúgio é tomar café
da manhã em frente à vitrine da famosa joalheria Tiffany, buscando fugir dos
problemas. Perdida na inocência e futilidade de um mundo ambicioso, Holly vê
sua vida mudar ao conhecer seu novo vizinho, Paul Varjak (George Peppard),
jovem escritor bancado pela amante.
Essa é a sinopse de Bonequinha de Luxo, adaptação da obra de Truman Capote que consagrou a brilhante atriz Audrey Hepburn, levando-a definitivamente para os holofotes de Hollywood. Lançado em 1961 e dirigido por Blake Edwards, o filme tinha tudo para cair no clichê das comédias românticas sem essência, porém Blake conseguiu montar a história com contornos e passagens encantadoras.
É necessário um destaque especial para a memorável atuação de Audrey. Ela conseguiu criar uma personagem doce, inocente e carismática e ao mesmo tempo dramática e emblemática. As primeiras opções para o papel da charmosa Holly Golightly foram as atrizes Marilyn Monroe e Kim Novak. Sem dúvidas as duas teriam feito um excelente trabalho na produção, mas talvez não tivessem interpretado o papel com a graça e charme que Audrey o fez.
Cabe
também deixar um espaço para elogiar o figurino do filme: clássico e elegante. As roupas usadas pela personagem de Holly chamam a atenção, como o clássico “tubinho”
preto que Audrey usa durante o filme e que é uma aposta de roupa até os dias atuais.
Os figurinos combinaram exatamente com seus devidos personagens, dando a eles
ainda mais credibilidade e elegância.
O
termo “prostituta” não deve ser usado em relação ao personagem de Audrey, já
que em nenhum momento fica clara a relação sexual entre ela e seus
acompanhantes, a única coisa que transparece é que ela acompanhava homens ricos
em festas e eventos elegantes, sendo assim atribuído o termo “acompanhante de
luxo”. Apesar de ambicionar a riqueza, Holly não é, de maneira alguma, uma
mulher esnobe e isso a torna ainda mais cativante. De origem humilde, outro
ponto que se destaca na personagem é o fato de ela não ter nenhum apego
material.
Logo
no início do filme é possível ver a rotina em que a vida de Holly havia se
tornado e o seu descontentamento com os rumos que seguia. A garota do interior
aparece parada tomando seu café da manhã em frente à Tiffany em um visível
momento de reflexão. Para ela a joalheria era o lugar onde os sonhos eram
possíveis. Podemos ter a noção de que apesar de ambiciosa, Holly também é uma
garota sonhadora.
Vinda
do interior e com o nome verdadeiro de Lula Mae, Holly vive sozinha em seu
apartamento contando apenas com a companhia de seu gato. Em sua geladeira nada
mais do que champanhe e ricota. Livre e sem se prender a ninguém, essa era a
vida de Holly. É nesse momento que surge em sua história o escritor Paul
Varjak. Sustentado por sua amante, ele logo se encanta pela graça e
carisma de Holly. Mas é notável que a moça o vê, inicialmente, apenas como uma figura
fraternal.
O
que chama a atenção é que o quase romance que os dois vivem não é retratado em
nenhum momento como uma paixão tórrida ou com apelos sexuais. Na verdade, tudo é
baseado no companheirismo. Fica claro, desde o início, que ambos se compreendem
e tem um ao outro como refúgio da vida que levam. Fora isso, no decorrer no
filme, vemos outro ponto em comum entre eles: ambos se veem perdidos e buscam
encontrar aquilo que realmente querem.
Paul
passa a assumir o sentimento por Holly, enquanto esta passa a evitá-lo arduamente,
já que estar com alguém poderia atrapalhar seus planos de casar-se com um homem
rico – atribuição a qual não se pode dar a Paul.
Vale
deixar um espaço para comentar a pequena, mas ainda assim atuante citação do Brasil no filme. Essa interação se deve ao fato de que Holly pretende
casar-se com o rico brasileiro José da Silva Pereira e para aprender o idioma
ela passa a ouvir gravações em português. Nada grandioso, porém é interessante
ver essa participação do país em um filme americano dos anos 60 que fez tamanho
sucesso.
A beleza do filme está em sua essência e não necessariamente em seu enredo. O que chama atenção é a atuação dos personagens e uma fotografia impecável. Em se tratando da trilha sonora, o destaque fica para a cena em que Audrey interpreta a canção ganhadora do Oscar ‘Moon River’, de Henry Mancini e Johnny Mercer.
Brincando com a inocência, o companheirismo e ambição, Bonequinha de Luxo conseguiu fugir dos clichês e se tornar uma história cativante devido ao seu vasto conteúdo. O conjunto de interpretações memoráveis, excelente trilha sonora e uma magnífica fotografia tornou o filme um dos clássicos da história do cinema.
Nota da autora: Essa resenha foi produzida para outra finalidade, um trabalho acadêmico do ano de 2013, mas com a criação do blog achei uma boa oportunidade para compartilhar um texto que gostei muito de escrever.