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Paula Lavigne: ‘Não precisamos de lobista em Brasília’

  • ️Wed Nov 06 2013

Presidente do Procure Saber fala sobre o racha na associação de músicos, que levou à saída de Roberto Carlos

06/11/2013 - 16:27 / Atualizado em 06/11/2013 - 18:19


A empresária Paula Lavigne diz que Procure Saber “não pertence a um único artista”
Foto:
Fernando Young Brasileiro
/ Divulgação
A empresária Paula Lavigne diz que Procure Saber “não pertence a um único artista” Foto: Fernando Young Brasileiro / Divulgação

RIO - A questão das biografias era uma causa defendida com mais ardor por Roberto Carlos. Com a saída dele, isso continua sendo uma das bandeiras do grupo?

Estamos voltando ao normal após esse turbilhão de acontecimentos. Foi um mês muito intenso, e ainda não conseguimos nos reunir para decidir os próximos passos. De qualquer forma, a questão do equilíbrio entre o direito à informação e o direito à privacidade é e sempre será algo de suprema importância. O que se pode ver de toda essa comoção foi que o debate sobre esse tema é muito mais amplo e diz respeito a todos. Entraram na conversa vozes que ainda não tinham se pronunciado, muitos artigos foram escritos e respondidos, programas de TV abordaram o assunto, e novas ideias foram incorporadas à discussão. Isso mostrou a relevância de se debater, inclusive, os próprios limites da convivência humana.

Como o Procure Saber encarou a saída do Roberto Carlos? Qual foi a percepção do grupo? Houve alguma surpresa?

Foi um processo. Os fatos foram se dando em um crescente. Vimos que era um movimento natural de tudo que aconteceu. A imprensa tentou criar uma desarmonia pessoal no que, na verdade, eram posições ideológicas que se contrastavam. Eu costumo dizer que somos de circo. É uma família mambembe, onde o trapezista é filho da domadora, a bilheteira sai da porta para levar remédio ao namorado homem-bala, o contorcionista é sobrinho da gerente… A parte administrativa se mistura com a artística. Nós somos assim, agimos com essa naturalidade, com essa disposição de entrega diária. Desta forma, vamos vivendo, um dia após o outro. Sem interventores ou administradores de crises, cuja entrada realmente gerou desconforto no grupo. Não precisamos de lobista em Brasília e muito menos de advogado criminalista. Não cometemos crime algum. Nossa causa em relação ao Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) foi abordada dessa maneira, direta e transparente, sem estratégias ou interlocutores.

Notas publicadas nos jornais dão a entender que o problema maior foi a intervenção do advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e não a postura do Roberto Carlos. A tentativa de colocar o Kakay na linha de frente seria uma forma de proteger o Roberto?

Sobre a tentativa de proteção, essa pergunta deveria ser feita a eles, ao time de intervenção, não a mim. O que sei é que, quando foi imposta a entrada de Kakay, o tom mudou demais. O ponto de divergência (não de discórdia) foi apenas a forma de se trabalhar com as questões, inclusive publicamente. O Procure Saber funciona através desse debate livre e democrático, conseguindo os resultados pelo trabalho de todos os seus integrantes.

O Procure Saber, agora sem o Roberto, pode recuar na questão das biografias?

Podemos tudo, tudo o que os artistas quiserem e que beneficie a classe. Mas, como disse antes, ainda não conversamos. Estamos cansados, tivemos uma disputa interna, de empresários e advogados querendo falar por todos, e nem respiramos ainda. Temos muitas outras pautas, como a questão do Ecad, por exemplo, que tem uma lei a ser implementada.

Quais são os próximos passos do Procure Saber em relação à audiência pública sobre as biografias, este mês, em Brasília?

Ainda estamos definindo isso, como disse antes. Mas o fato é que o Procure Saber não pertence a um único artista. A associação é a união de muitos artistas que acompanharam diferentes passos de nosso grupo e nos apoiaram em vários momentos, em muitas batalhas. O Procure Saber é do músico que ainda nem começou sua carreira. É de quem quiser estar com a gente nesta trajetória intensa de aprendizado e crescimento. O Procure Saber é da música.