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Dinastia nerva-antonina – Wikipédia, a enciclopédia livre

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A dinastia nerva-antonina foi uma dinastia de sete imperadores que governaram o Império Romano entre 96 d.C. e 192 d.C. Foram eles: Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio, Lúcio Vero e Cômodo.

As primeiras cinco das seis sucessões ocorridas neste período foram notáveis por que o imperador reinante adotou o candidato de sua escolha para ser o seu sucessor. Sob a lei romana, uma adoção criava uma ligação legal tão forte quanto a de parentesco. Por conta disto, os imperadores do segundo ao sexto nesta dinastia são chamados de imperadores adotivos.

Esta peculiaridade tem sido geralmente considerada[1] como um repúdio consciente do princípio da herança dinástica e tem sido considerado como um dos fatores para a prosperidade do período.[2] Porém, não era uma prática nova; imperadores romanos adotaram herdeiros no passado: o imperador Augusto adotou Tibério e Cláudio adotou Nero. Júlio César que se auto-nomeou ditador vitalício, considerado instrumental na transição da República para o Império, adotou Otaviano, que seria conhecido como Augusto, o primeiro imperador de Roma, mesmo tendo, possivelmente, um filho ilegítimo, Cesarião, com Cleópatra. Além disso, havia sempre uma ligação familiar, pois Trajano adotou seu sobrinho Adriano e este obrigou Antonino Pio a adotar seu primo Marco Aurélio. Finalmente, a nomeação por Marco Aurélio de seu filho Cômodo foi considerada infeliz e o início do declínio do Império.[3]

Assim, esta teoria defende que a sucessão por adoção teria nascido da falta de herdeiros biológicos. Nenhum, exceto o último, dos imperadores adotivos tinha filhos legítimos para sucedê-los e foram, desta forma, obrigados a escolher um sucessor. Tão logo se apresentou a possibilidade de entregar a função para um filho biológico, a sucessão por adoção foi abandonada.

A dinastia pode ser subdividida na Dinastia nerva-trajana (também chamada de "ulpiana" por causa do nomen compartilhando entre eles, "Ulpius") e a Dinastia antonina (por causa do nomen "Antoninus").

A Dinastia nerva-trajana governou entre 96 e 138 d.C.

Os antoninos foram quatro imperadores romanos que governaram entre 138 e 192: Antonino Pio, Marco Aurélio, Lúcio Vero e Cômodo.

Em 138, depois de um longo reinado dedicado à unificação cultural e à consolidação do império, Adriano nomeou Antonino Pio seu filho adotivo e herdeiro na condição de que ele adotasse Marco Aurélio e Lúcio Vero. Adriano morreu no mesmo ano e Antonino começou seu pacífico e benevolente reinado. Ele aderia estritamente às antigas tradições e instituições romanas, dividindo o poder com o senado romano.

Marco Aurélio sucedeu-o quando ele morreu, em 161, e continuou seu legado como um administrador habilidoso e despretensioso e um líder. Lúcio Vero governou com ele até 169. Marco Aurélio morreu em 180 e foi sucedido pelo seu filho biológico Cômodo.

Os antoninos governaram de 138 a 192 d.C.

Os imperadores conhecidos geralmente como "os cinco bons imperadores" foram Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio e Marco Aurélio.[4] O termo foi cunhado pelo filósofo político Maquiavel em 1503

"Do estudo desta história podemos também aprender como um bom governo deve ser fundado; pois enquanto todo os imperadores que acederam ao trono por nascimento, exceto Tito, foram ruins, todos foram bons que acederam por adoção, como foi o caso dos cinco de Nerva até Marco. Mas tão logo o império caiu novamente nas mãos dos herdeiros por nascimento, sua ruína recomeçou"
 

Maquiavel, Discurso sobre a Primeira Década de Tito Lívio[5].

Maquiavel argumentou que estes imperadores adotados conquistaram o respeito de todos à volta através do bom governo:

"Tito, Nerva, Trajano, Adriano, Antonino e Marco não precisaram de coortes pretorianas ou de incontáveis legiões para guardá-los, mas eram defendidos por suas próprias vidas direitas, pela boa vontade de seus súditos e pela ligação com o senado."
 

Maquiavel, Discurso sobre a Primeira Década de Tito Lívio[5].

O historiador do século XVIII Edward Gibbon em sua obra "A História do Declínio e Queda do Império Romano" era da opinião que o governo deles foi uma época em que "o Império Romano era governado pelo poder absoluto guiado pela sabedoria e pela virtude".[6] Gibbon acreditava que estes ditadores benevolentes e suas políticas moderadas eram incomuns e contrastavam com seus sucessores, mais tirânicos e opressivos (Gibbon não tratou dos predecessores). Ele chegou ao ponto de afirmar que:

Se um homem fosse convocado para escolher um período da história do mundo durante o qual a condição da raça humana foi mais feliz e próspera, ele iria, sem hesitar, escolher o que se passou entre a morte de Domiciano e a ascensão de Cômodo. A vasta extensão do Império Romano era governada pelo poder absoluto guiado pela virtude e pela sabedoria. Os exércitos eram contidos pela firme, mas gentil, mão de quatro sucessivos imperadores cuja personalidade e autoridade comandavam respeito. As formas da administração civil foram cuidadosamente preservadas por Nerva, Trajano, Adriano e os antoninos, que se deleitavam com a imagem da liberdade e gostavam de se ver como ministros responsáveis pelas leis. Tais príncipes mereceriam a honra de restaurar a república se os romanos da época fossem capazes de gozar uma liberdade racional.
 

Note que Lúcio Vero, que reinou entre 161 e 169 como coimperador de Marco Aurélio, não aparece nesta linha do tempo.

Árvore genealógica da Dinastia nerva-antonina

Q. Márcio Bareia SoranoQ. Márcio Bareia SuraAntônia FurnilaM. Coceio NervaSérgia PlaucilaP. Élio Adriano
Tito
(r. 79–81)
Márcia FurnilaMárciaTrajano paiNerva
(r. 96–98)
Úlpia[i]Élio Adriano Marulino
Júlia Flávia[ii]Marciana[iii]C. Salônio Matídio[iv]Trajano
(r. 98–117)
PlotinaP. Acílio AcianoP. Élio Afer[v]Paulina Maior[vi]
Lúcio Míndio
(2)
Libão Rupílio Frúgio
(3)
Matídia[vii]L. Víbio Sabino
(1)[viii]
Paulina Menor[vi]L. Júlio Urso Serviano[ix]
Matídia Menor[vii]Suetônio?[x]Sabina[iii]Adriano
[v][xi][vi] (r. 117–138)
Antínoo[xii]
Júlia Balbila?[xiii]C. Fusco Salinador IJúlia Serviana Paulina
M. Ânio Vero[xiv]Rupília Faustina[xv]Boiônia PrócilaCn. Árrio Antonino
L. Ceiônio CômodoÁpia SeveraL. Fusco Salinador
L. Cesênio PetoÁrria AntoninaÁrria Fadila[xvi]T. Aurélio Fulvo
L. Cesênio AntoninoL. Ceiônio CômodoFundânia Pláuciaignota[xvii]C. Avídio Nigrino
M. Ânio Vero[xv]Domícia Lucila[xviii]Fundânia[xix]M. Ânio Libão[xv]FAUSTINA[xvi]Antonino Pio
(r. 138–161)[xvi]
L. Élio César[xvii]Avídia Pláucia[xvii]
Cornifícia[xv]MARCO AURÉLIO
(r. 161–180)[xx]
FAUSTINA Menor[xx]C. Avídio Cássio[xxi]Aurélia Fadila[xvi]LÚCIO VERO
(r. 161–169)[xvii]
(1)
Ceiônia Fábia[xvii]Pláucio Quintílio[xxii]Q. Servílio PudenteCeiônia Pláucia[xvii]
Cornifícia Menor[xxiii]M. Petrônio SuraCÔMODO
(r. 177–192)[xx]
Fadila[xxiii]M. Ânio Vero César[xx]Ti. Cláudio Pompeiano
(2)
Lucila[xx]M. Pláucio Quintílio[xvii]Júnio Licínio BalboServília Ceiônia
Petrônio AntoninoL. Aurélio Agáclito
(2)
Aurélia Sabina[xxiii]L. Antíscio Burro
(1)
Pláucio QuintílioPláucia ServíliaC. Fúrio Sabino TimesiteuAntônia GordianaJúnio Licínio Balbo?
Fúria Sabina TranquilinaGORDIANO III
(r. 238–244)
  • (1) = 1ª esposa
  • (2) = 2ª esposa
  • (3) = 3ª esposa
  •   Vinho escuro indica um imperador da Dinastia nerva-antonina

      Vinho claro indica um herdeiro aparente da mesma dinastia que não chegou a assumir o trono

      Cinza indica um aspirante fracassado ao trono

      Roxo indica um imperador de outras dinastias

  • Linhas tracejadas indicam uma adoção; linhas pontilhadas indicam casos amorosos ou relações fora do casamento
  • Versalete = pessoas deificadas postumamente (augustos, augustas ou outras)
Notas:

Exceto se explicitado de outra forma, as notas abaixo indicam que o parentesco de um indivíduo em particular é exatamente o que foi indicado na árvore genealógica acima.

  1. Irmã do pai de Trajano: Giacosa (1977), p. 7.
  2. Giacosa (1977), p. 8.
  3. a b Levick (2014), p. 161.
  4. Marido de Úlpia Marciana: Levick (2014), p. 161.
  5. a b Giacosa (1977), p. 7.
  6. a b c DIR contributor (Herbert W. Benario, 2000), "Adriano".
  7. a b Giacosa (1977), p. 9.
  8. Marido de Salonina Matídia: Levick (2014), p. 161.
  9. Smith (1870), "Júlio Servianus".
  10. Suetônio seria um possível amante de Sabina: uma possível interpretação de HA, Adriano 11:3
  11. Smith (1870), "Adriano", pp. 319–322.[ligação inativa]
  12. Amante de Adriano: Lambert (1984), p. 99 e passim; deificação: Lamber (1984), pp. 2-5, etc.
  13. Júlia Bálbila seria uma possível amante de Sabina: A. R. Birley (1997), Adriano, the Restless imperador, p. 251, citado em Levick (2014), p. 30, que é cético em relação a esta hipótese.
  14. Marido de Rupília Faustina: Levick (2014), p. 163.
  15. a b c d Levick (2014), p. 163.
  16. a b c d Levick (2014), p. 162.
  17. a b c d e f g Levick (2014), p. 164.
  18. Esposa de M. Ânio Vero: Giacosa (1977), p. 10.
  19. Esposa de M. Ânio Libão: Levick (2014), p. 163.
  20. a b c d e Giacosa (1977), p. 10.
  21. Pseudo-Dião Cássio (72.22) conta que Faustina, a Velha, prometeu se casar com Avídio Cássio, uma história que também aparece na HA "Marco Aurélio" 24.
  22. Marido de Ceiônia Fábia: Levick (2014), p. 164.
  23. a b c Levick (2014), p. 117.
Referências:

Referências

  1. Por exemplo por Maquiavel e por Gibbon
  2. «Adoptive Succession». Consultado em 18 de setembro de 2007
  3. «Decline of the Roman Empire». Consultado em 18 de setembro de 2007
  4. McKay, John P.; Hill, Bennett D.; Buckler, John; Ebrey, Patricia B.; & Beck, Roger B. (2007). A History of World Societies (7th ed.). Boston: Houghton Mifflin Company, v-vi. ISBN 978-0-618-61093-8.
  5. a b Machiavelli, Discourses on the First Decade of Titus Livy, Book I, Chapter 10.
  6. a b Gibbon, The History of the Decline and Fall of the Roman Empire, I.78.