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Fascista (insulto) – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Fascista tem sido usado como um termo pejorativo ou insultuoso contra uma ampla gama de pessoas, movimentos políticos, governos e instituições desde o surgimento do fascismo na Europa na década de 1920. Comentaristas políticos tanto da esquerda quanto da direita acusaram seus oponentes de serem "fascistas", começando nos anos anteriores à Segunda Guerra Mundial. Em 1928, a Internacional Comunista rotulou os seus oponentes social-democratas como socialfascistas,[1] enquanto os próprios social-democratas, bem como alguns partidos da direita política, acusaram os comunistas de se terem tornado fascistas sob a liderança de Josef Stalin.[2] À luz do Pacto Molotov-Ribbentrop, o The New York Times declarou em 18 de setembro de 1939 que "o hitlerismo é o comunismo marrom, o stalinismo é o fascismo vermelho". Mais tarde, em 1944, o escritor antifascista e socialista George Orwell comentou no Tribune que o fascismo havia se tornado quase sem sentido por seu uso comum como um insulto contra várias pessoas e argumentou que na Inglaterra a palavra fascista havia se tornado sinônimo de valentão.[3]

Durante a Guerra Fria, a União Soviética foi categorizada pelos seus antigos aliados da Segunda Guerra Mundial como totalitária, juntamente com a Alemanha Nazista fascista, para converter o antifascismo pré-Segunda Guerra Mundial em anticomunismo pós-guerra e os debates em torno da comparação entre o nazismo e o stalinismo intensificaram-se.[4] Ambos os lados da Guerra Fria também usaram os insultos fascista e fascismo um contra o outro. Na União Soviética, eles eram usados para descrever o ativismo antissoviético, e a Alemanha Oriental se referia oficialmente ao Muro de Berlim como o "Muro de Proteção Antifascista". Em todo o Bloco de Leste, o termo antifascista tornou-se sinônimo da linha do partido - Estado comunista e denotava a luta contra os dissidentes e o mundo ocidental em geral.[5][6] Nos Estados Unidos, os primeiros apoiantes de uma política externa agressiva e de medidas anticomunistas internas nas décadas de 1940 e 1950 rotularam a União Soviética como fascista e declararam que representava a mesma ameaça que as Potências do Eixo representaram durante a Segunda Guerra Mundial.[7] As acusações de que o inimigo era fascista foram usadas para justificar a oposição às negociações e ao compromisso, com o argumento de que o inimigo agiria sempre de forma semelhante a Adolf Hitler ou à Alemanha nos anos 1930.[7]

Referências

  1. Haro, Lea (2011). «Entering a Theoretical Void: The Theory of Social Fascism and Stalinism in the German Communist Party». Critique: Journal of Socialist Theory. 39 (4): 563–582. doi:10.1080/03017605.2011.621248
  2. Adelheid von Saldern, The Challenge of Modernity: German Social and Cultural Studies, 1890-1960 (2002), University of Michigan Press, p. 78, ISBN 0-472-10986-3.
  3. Orwell, George (1944). «What is Fascism?» (em inglês). Tribune
  4. Granieri, Ronald J. (5 de fevereiro de 2020). «The right needs to stop falsely claiming that the Nazis were socialists». The Washington Post. ISSN 0190-8286. Consultado em 7 de agosto de 2021
  5. Agethen, Manfred; Jesse, Eckhard; Neubert, Ehrhart (2002). Der missbrauchte Antifaschismus. Freiburg: Verlag Herder. ISBN 978-3451280177
  6. Davies, Norman (2008). Europe at War 1939–1945: No Simple Victory. [S.l.]: Pan Macmillan. ISBN 9780330472296
  7. a b Adler, Les K.; Paterson, Thomas G. (April 1970). "Red Fascism: The Merger of Nazi Germany and Soviet Russia in the American Image of Totalitarianism, 1930s–1950s". The American Historical Review. Oxford: Oxford University Press. 75 (4): 1046–1064. doi:10.2307/1852269. JSTOR 1852269.