Policloreto de vinila – Wikipédia, a enciclopédia livre
- ️Wed Mar 25 2009
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nota: "PVC" redireciona para este artigo. Para o comentarista de esportes, veja Paulo Vinícius Coelho.
Policloreto de vinila Alerta sobre risco à saúde[1] | |
---|---|
Nome IUPAC | Policloroeteno |
Outros nomes | PVC, Cloreto de polivinila, Policloreto de vinil |
Identificadores | |
Número CAS | 9002-86-2 |
PubChem | 6338 |
Propriedades | |
Fórmula molecular | (C2H3Cl)x |
Massa molar | Variável (depende do grau de polimerização, geralmente 62,5 g/mol por unidade repetitiva) |
Aparência | Sólido branco (rígido) ou flexível (plastificado) |
Densidade | 1,38–1,40 g/cm3 [carece de fontes] |
Ponto de fusão |
Decompõe-se > 180 °C[1] |
Ponto de ebulição |
Não aplicável (decompõe-se antes de ferver) |
Solubilidade em água | Praticamente insolúvel em água[1], solúvel em cetonas, solventes clorados (ex.: diclorometano), DMF, THF e DMAc |
Condutividade térmica | 0,14–0,28 W/(m·K) (rígido), 0,14–0,17 W/(m·K) (flexível) |
Riscos associados | |
Principais riscos associados |
Liberação de HCl em decomposição térmica, monômero (cloreto de vinila) carcinogênico |
NFPA 704 | |
Compostos relacionados | |
Compostos relacionados | Cloreto de vinila (monômero), Policloreto de vinilideno, Polietileno, Polipropileno |
Página de dados suplementares | |
Estrutura e propriedades | n, εr, etc. |
Dados termodinâmicos | Phase behaviour Solid, liquid, gas |
Dados espectrais | UV, IV, RMN, EM |
Exceto onde denotado, os dados referem-se a materiais sob condições normais de temperatura e pressão Referências e avisos gerais sobre esta caixa. Alerta sobre risco à saúde. |
O policloreto de vinila (também conhecido como cloreto de vinila, policloreto de vinil ou cloreto de polivinila; nome IUPAC policloroeteno), mais conhecido pelo acrônimo PVC (do inglês Polyvinyl chloride), é um dos polímeros sintéticos termoplásticos mais produzidos e utilizados globalmente, com uma gama excepcionalmente ampla de aplicações que abrange desde a construção civil até a medicina, moda, eletrônica, artesanato e tecnologias emergentes como impressão 3D e baterias de íon-lítio.[2][3] Disponível em formas rígida (sem plastificantes) e flexível (com plastificantes), o PVC é valorizado por sua durabilidade, resistência química, baixo custo e capacidade de adaptação por meio de aditivos, sendo essencial em praticamente todos os setores industriais e domésticos.[2][3] Até 2025, sua produção global é projetada para atingir cerca de 60 milhões de toneladas, refletindo sua relevância econômica e desafios ambientais.[4]
O policloreto de vinila foi descoberto acidentalmente em 1835 por Henri Victor Regnault, que observou a formação de um sólido branco ao expor o cloreto de vinila à luz solar, embora sem explorar suas propriedades. Em 1872, Eugen Baumann confirmou a síntese do PVC, marcando o início de sua história científica.[3][5] Seu desenvolvimento comercial ganhou força no século XX com Fritz Klatte e Waldo Semon, que o tornaram versátil e amplamente utilizado.[6][7] Avanços recentes, como o PVC-O (PVC Orientado) e aplicações em tecnologias modernas, consolidam sua evolução.[8]
O monômero cloreto de vinila (MVC) foi identificado em 1835 por Justus von Liebig, reagindo dicloreto de etileno com hidróxido de potássio em solução alcoólica, obtendo o gás precursor do PVC. Seu aluno, Henri Victor Regnault, observou a formação de um sólido branco sob luz solar, inicialmente confundido com PVC, mas identificado como policloreto de vinilideno.[3] Em 1872, Eugen Baumann confirmou a polimerização espontânea do MVC em policloroeteno, expondo-o à luz por semanas, resultando em um pó branco insolúvel e estável.[3][5] O material permaneceu uma curiosidade científica até o século XX devido à ausência de técnicas de processamento.
Em 1912, Fritz Klatte, da Griesheim-Elektron, patenteou a produção de PVC a partir de acetileno e cloreto de hidrogênio, usando cloreto de mercúrio como catalisador. Apesar de vislumbrar aplicações em plásticos e fibras, o PVC era quebradiço e sensível ao calor, degradando-se a 180 °C com liberação de HCl.[9][10] Após a Primeira Guerra Mundial, o interesse diminuiu, e o projeto foi arquivado pela IG Farben em 1925. Em 1928, a IG Farben produziu fibras de PVC pós-cloradas, mas estas não competiram com o nylon da DuPont.[9] Em 1937, a copolimerização com acetato de vinila marcou o início da produção em larga escala na Europa.[9]
Nos EUA, Waldo Semon, da B.F. Goodrich, transformou o PVC em 1926 ao adicionar plastificantes como ftalatos, tornando-o flexível e resistente. Sua patente de 1933 consolidou o PVC como substituto da borracha natural.[11][12] Durante a Segunda Guerra Mundial, o PVC substituiu metais e borracha em tubos e cabos elétricos.[13] Em 1957, sistemas de abastecimento de água com tubos de PVC foram instalados nos EUA.[14] No Brasil, a produção começou em 1954 com a parceria entre B.F. Goodrich e Indústrias Químicas Matarazzo, modernizada pela Braskem.[3]
Até 2025, avanços incluem o PVC-O, desenvolvido nos anos 1970 pela Petzetakis, com processos modernos como o de Molecor (2006) e Rollepaal (RBlue, 2012), melhorando resistência e eficiência.[8] Plastificantes não ftalatos (citratos, adipatos) e polimerização radical controlada (RAFT) aprimoram propriedades.[15] Aplicações em impressão 3D, membranas e baterias de íon-lítio destacam sua versatilidade.[16][17]
O MVC é produzido por três rotas principais:
Adotado por sua eficiência, ocorre em três etapas:[18]
Cloração direta: Eteno (C₂H₄) + Cl₂ → 1,2-dicloroetano (DCE), 50-70 °C, rendimento ~95%.[18]
Oxiclorização: 2C₂H₄ + 4HCl + O₂ → 2C₂H₄Cl₂ + 2H₂O, 200-300 °C, catalisador de cloreto de cobre.[18]
Craqueamento térmico: C₂H₄Cl₂ → C₂H₃Cl + HCl, 450-550 °C, rendimento 90-95%.[18]
O HCl é reciclado, minimizando resíduos.[19]
Dominante até os anos 1960, usa acetileno (C₂H₂) de carbureto de cálcio (CaC₂):[18]
Substituída pela rota do eteno devido a custos e impacto ambiental do mercúrio.[18]
Converte etano (C₂H₆) diretamente em MVC a 400-500 °C:[18]
Ideal em regiões ricas em gás natural.[18]
Destilação remove impurezas, garantindo pureza >99,9%, essencial por sua inflamabilidade e carcinogenicidade.[20]
A polimerização do MVC é representada por:[21]

Método | Participação na Produção | Descrição | Aplicações |
---|---|---|---|
Polimerização em suspensão | 80% | MVC disperso em água (30-150 µm), peróxidos (ex.: peróxido de benzoíla), 50-70 °C, 7-10 bar.[3][22] | Extrusão, moldagem |
Polimerização em emulsão | 10-15% | MVC em água com emulsificantes (0,1-1 µm), persulfato de potássio, 40-60 °C.[3][22] | Plastissóis, adesivos |
Polimerização em microsuspensão | ~5% | Similar à emulsão, partículas de 0,5-2 µm.[3][22] | Pastas viscosas |
Polimerização em massa | 5% | Sem solventes, 58 °C, 17 h, alta pureza.[3][22] | Resinas especiais |
Polimerização radical controlada | Emergente | RAFT ajusta peso molecular.[15] | Aplicações avançadas |
PVC é atático, com baixa cristalinidade (5-10%), cadeias lineares head-to-tail, grau de polimerização 500-1500 (30.000-100.000 g/mol).[2][23] Tg varia de 60-80 °C.[2]
Sólido branco rígido ou flexível, densidade 1,38–1,40 g/cm³, decompõe-se acima de 180 °C.[1][24]
Tipo | Módulo de Elasticidade (GPa) | Resistência à Tração (MPa) | Alongamento na Ruptura (%) |
---|---|---|---|
PVC Rígido | 2,4-4,1 | 48-55 | 10-100 |
PVC Flexível | - | 20-40 | 200-400 |
Superior ao polietileno (0,2-0,7 GPa) e polipropileno (1,5-2 GPa).[25][26]
57% cloro, retardante de chamas (índice de oxigênio ~45%), condutividade térmica 0,14–0,28 W/(m·K) (rígido), 0,14–0,17 W/(m·K) (flexível).[25][27]
Resistente a ácidos, bases, sais, solúvel em cetonas, DMF, THF.[25][28]
Resistividade 10¹⁶ Ω·cm, constante dielétrica 3,0-3,4.[29]
PVC é versátil devido a aditivos:[2][3]
Ftalatos (DEHP, DINP, 90% do mercado), alternativas como adipatos, citratos (20-50% em peso).[2][30]
Sais de cálcio-zinco, organotinas previnem degradação.[3][31]
Ácidos graxos (internos), parafinas (externos) facilitam processamento.[32]
CaCO₃, talco, sílica (até 40%) aumentam rigidez.[2]
TiO₂ (brancura), óxidos de ferro (cores), trióxido de antimônio (retardante).[33]
PVC é moldado por injeção, extrusão, calandragem, rotomoldagem.

Tubos e conexões: Desde 1934, diâmetros 20 mm-1 m.[34][35] Cabos elétricos: Resistividade 10¹⁶ Ω·cm.[35][36]
Janelas e portas:

U-value ~1,3 W/m²·K, 30-50 anos.[37]
35% dos plásticos médicos (bolsas de sangue, sondas).[35][38]
Roupas de PVC (0,1-0,5 mm) desde os anos 1960.[39]
Impressão 3D: Filamentos (1,75-3 mm).[40] Tubos inteligentes: Sensores IoT.[41] Baterias de íon-lítio: Aglutinante em eletrodos.[17]
Ciclo de vida: manufatura (1,5-2 MWh/t), uso (até 100 anos), descarte. Preocupações incluem dioxinas e microplásticos.[42][43]
100% reciclável: Mecânica: 737.645 t (Europa, 2023), meta de 1 milhão até 2030.[44] Química: Pirólise, hidrólise.[45]
MVC é carcinogênico; ftalatos disruptivos endócrinos.[46][47]
44,3 milhões de t (2018), ~60 milhões até 2025, CAGR 6,2% até 2028.[4][48]
- ↑ a b c d Registo de CAS RN 9002-86-2 na Base de Dados de Substâncias GESTIS do IFA, accessado em 5 de Março de 2008
- ↑ a b c d e f g A. Harper, Charles (2002). Handbook of Plastics, Elastomers, and Composites. [S.l.]: McGraw-Hill. 757 páginas
- ↑ a b c d e f g h i j k l Rodolfo Jr., Antonio; Nunes, Luciano; Ormanji, Wagner (2006). Tecnologia do PVC. [S.l.]: Pro Editores. 450 páginas
- ↑ a b «PVC production volume worldwide». Statista. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ a b «Polyvinyl Chloride». The Plastics Historical Society. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ Eugen Baumann ISSX. «Eugen Baumann ISSX». Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ «Você sabe quem é? Eugen Baumann!». damascopvc.com.br. Consultado em 19 de agosto de 2024
- ↑ a b «PVC-O Characteristics and Advantages». Molecor. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ a b c Mulder, Karel & Knot, J. Marjolijn. (2001). PVC plastic: a history of systems development and entrenchment. Technology in Society. 23. 265-286. doi:10.1016/S0160-791X(01)00013-6.
- ↑ «History of PVC». Agostini Museum Of The Window. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ B. Seymour, Raymond & F. Mark, Herman & Pauling, Linus & H. Fisher, Charles & Allan Stahl, G. & H. Sperling, L. & S. Marvel, C. & E. Carraher, Charles. (1989). Waldo Lionsbury Semon Pioneer in PVC. doi:10.1007/978-94-009-2407-9_10.
- ↑ «Vinyl (PVC) History». Vinyl Institute. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ «A History of Polyvinyl Chloride (PVC)». Piper Plastics Corp. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ «Uni-Bell PVC Pipe Association». Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ a b «Poly(vinyl chloride), a historical polymer still evolving». Progress in Polymer Science. 2023. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ «Polyvinyl chloride-based membranes: A review». Journal of Membrane Science. 2021. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ a b «Development of Pure Poly Vinyl Chloride (PVC) with Excellent 3D Printability». Macromolecular Materials and Engineering. 2022. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ a b c d e f g h Teixeira, Eduardo Garcia. (2013). Análise do mercado brasileiro de PVC utilizado na construção civil. Trabalho de Graduação. Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
- ↑ «Poly(chloroethene) (Polyvinyl chloride)». Essential Chemical Industry. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ Kirk, Raymond E.; Othmer, Donald F. (2000). Encyclopedia of Chemical Technology. 24. [S.l.]: Wiley. pp. 85–90
- ↑ Nass, L. I.; Heiberger, C. A. (1976). Encyclopedia of PVC. Vol. 1, p. 271. New York: Marcel Dekker.
- ↑ a b c d Banegas, R. S. (2011). Estudos em filmes formados por PVC e agentes plastificantes. Dissertação – UFSC.
- ↑ Carraher Jr., Charles E. (2017). Polymer Chemistry. [S.l.]: CRC Press. pp. 245–250
- ↑ «Polyvinyl chloride». Wikipedia. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ a b c Rodolfo Jr., Antonio & John, Vanderley. (2006). Desenvolvimento de PVC reforçado com resíduos de Pinus. Polímeros. 16. 1-11. doi:10.1590/S0104-14282006000100005.
- ↑ Titow, W. V. (1990). PVC Plastics: Properties, Processing and Applications. Elsevier.
- ↑ «Polyvinyl Chloride». ScienceDirect. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ Brydson, J. A. (1999). Plastics Materials. [S.l.]: Butterworth-Heinemann. pp. 350–360
- ↑ Seanor, Donald A. (1982). Electrical Properties of Polymers. [S.l.]: Academic Press. pp. 120–130
- ↑ Cadogan, David F. & Howick, Christopher J. (2000). "Plasticizers" in Ullmann's Encyclopedia of Industrial Chemistry. Wiley-VCH. doi:10.1002/14356007.a20_439.
- ↑ Murphy, John (2001). Additives for Plastics Handbook. [S.l.]: Elsevier. pp. 85–95
- ↑ Patrick, Stuart (2004). PVC Compounds and Processing. [S.l.]: Rapra. 164 páginas
- ↑ Gächter, R.; Müller, H. (1993). Plastics Additives. [S.l.]: Hanser. pp. 200–210
- ↑ Rahman, Shah. (2007). PVC Pipe & Fittings. doi:10.13140/RG.2.2.28970.62408.
- ↑ a b c «Instituto Brasileiro do PVC». Consultado em 15 de julho de 2019
- ↑ Beriache, M’hamed et al. (2018). Assessing PVC Cables. 73-84.
- ↑ «Análise de Ecoeficiência de Janelas» (PDF). Instituto Brasileiro do PVC. Consultado em 15 de julho de 2019
- ↑ Testai, Emanuela et al. (2016). Safety of DEHP PVC. Regulatory Toxicology and Pharmacology. 76. 209. doi:10.1016/j.yrtph.2016.01.013.
- ↑ Contini, Mila. (1965). Fashion From Ancient Egypt To The Present Day. p. 317.
- ↑ «Is it possible to 3D print PVC?». Makenica. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ «Smart Pipe Monitoring». Sensor Group. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ Thornton, Joe. (2010). Environmental Impacts of PVC.
- ↑ «Risks Associated with PVC». Polymers. 2024. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ «VinylPlus Sustainable Development». VinylPlus. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ «Recent advances in PVC recycling». Polymer Advanced Technologies. 2023. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ Wagoner, J. K. (1983). Toxicity of PVC. Environmental Health Perspectives. 52. 61–66. doi:10.1289/ehp.835261.
- ↑ «Why You Should Avoid PVC Products». EcoWatch. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
- ↑ «North America PVC Market». Mordor Intelligence. Consultado em 26 de fevereiro de 2025
«BNDES - PVC» (PDF). Visitado em 25/03/2009 «Instituto Brasileiro do PVC». Visitado em 05/03/2019 «European PVC Portal» (em inglês). Visitado em 25/03/2009 «The Vinyl Institute» (em inglês). Visitado em 25/03/2009