Um Roteiro pelo Barroco bracarense - Taste Braga

Braga pode ter como principais títulos os nomes de Cidade dos Arcebispos e de Roma portuguesa, mas Capital do Barroco é outros dos seus mais importantes epítetos.

Com origem em Roma, o Barroco surgiu no século XV e vigorou até meados do século XVIII, estando presente por toda a Europa e também nas antigas colónias portuguesas e espanholas da América do Sul. Este estilo caracteriza-se pelo predomínio das formas curvilíneas e das cores quentes, pela utilização da planta oval, pelo gosto pelos efeitos cénicos e, a nível geral, pela monumentalidade, pela magnificência, pela sua aura quase teatral.

Em Braga, é possível traçar um roteiro de locais onde estas características são notáveis. Caminhe connosco pelas ruas da cidade e constate a presença de elementos inconfundivelmente barrocos em muitos dos seus edifícios e monumentos:

Arco da Porta Nova

O Barroco manifesta-se logo naquela que foi uma das entradas da cidade e que é, atualmente, um dos seus símbolos. O Arco da Porta Nova é uma obra de André Soares, datada de 1772, e o seu estilo é visível na imagem de Nossa Senhora da Nazaré e nas pilastras presentes no lado da Rua D. Diogo de Sousa.

Sé de Braga

Bem perto, a Sé de Braga, que reúne em si uma grande mistura de estilos arquitetónicos, manifesta características do Barroco em todo o seu esplendor. Logo ao entrar na Catedral, é impossível que os nossos olhos não se fixem nos enormes órgãos de tubos, decorados ao pormenor com talha dourada, e nas pinturas do teto. Nesta zona da Sé reina, sem dúvida, o estilo rococó e a sua pompa, cheia de efeitos cénicos e teatrais.

Igreja de Santa Cruz

Construída no século XVII, a Igreja de Santa Cruz é outro dos monumentos em que o Barroco domina. Embora o seu interior tenha sido demolido e estar, por isso, bastante descaracterizado, a fachada desta igreja manteve-se intacta. Nela podemos observar o gosto pelos pormenores, pelas formas curvilíneas e pela sumptuosidade, própria do estilo.

Palácio do Raio

O Palácio do Raio é a expressão do Barroco no seu auge. Projetado por André Soares, é uma obra inconfundível que não poderia senão pertencer a este estilo. O gosto pelas formas curvilíneas e pela teatralidade são evidentes na pedra cuidadosamente trabalhada da fachada. Os azulejos azuis, esses, que tanto sucesso fazem nas fotografias, foram acrescentados mais tarde pelo segundo proprietário da casa, que pode agora ser visitada.

Igreja dos Congregados

A Igreja dos Congregados é outras das obras de André Soares e considerada um dos seus projetos mais emotivos. A sua construção iniciou-se no século XVI mas só viria a ser terminada na década de 60 do século XX. Apesar disso, a monumentalidade e a ornamentação cuidada da fachada não deixam margem para dúvidas: a igreja inscreve-se no estilo Barroco.

Palácio dos Biscainhos

O Palácio dos Biscainhos foi casa para uma família nobre na cidade, nos séculos XVII e XVIII. O seu formato em L é curioso e demonstra a preocupação do Barroco em criar harmonia entre a casa e a rua. O jardim deste palácio, agora museu, é um exemplo da beleza dos espaços verdes criados pelo estilo Barroco, merecendo uma visita com calma.

Mosteiro de Tibães

Já fora das antigas muralhas da cidade, encontramos mais manifestações do Barroco no Mosteiro de Tibães. A igreja, a portaria e outras áreas deste antigo convento masculino datam do século XVII e revelam traços do Barroco, muito embora o complexo seja bem mais antigo. A abundância da talha dourada na igreja é um sinal inconfundível deste estilo arquitetónico.

Escadório do Bom Jesus do Monte

Também já fora do centro histórico, localiza-se um outro monumento barroco que é, talvez, o mais espetacular de todos. O Escadório do Bom Jesus do Monte combina na perfeição a monumentalidade típica do Barroco com uma paisagem natural deslumbrante. A busca pela beleza e a importância dada ao pormenor não escapam nem ao olhar dos mais desatentos.