No Rio, Viradouro também entra no páreo
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CARNAVAL
Ao lado da Mangueira e da Imperatriz Leopoldinense, escola levou luxo e empolgação à Sapucaí; apuração começa hoje às 15h
No Rio, Viradouro também entra no páreo
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
Penúltima a desfilar no segundo
dia do Grupo Especial do Rio, a
Unidos da Viradouro deixou a
avenida como forte candidata ao
título deste ano. A escola conseguiu conciliar luxo e empolgação
ao reeditar o enredo "A Festa do
Círio de Nazaré", da Unidos de
São Carlos, de 1975.
A Mangueira, que desfilou no
domingo, e a Imperatriz Leopoldinense, a terceira escola de segunda, também estão no páreo
-pelo luxo de suas alegorias e
fantasias. Com sambas antigos, a
Tradição e, especialmente, o Império Serrano animaram o público. Mas fizeram desfiles pobres.
Campeã do ano passado, a Beija-Flor teve problemas por causa
da chuva da madrugada de ontem
e poderá perder pontos importantes, principalmente em alegorias e fantasias. A água danificou
um carro da escola, deixando parte da estrutura à mostra. Uma
baiana escorregou na pista e caiu
em frente à cabine de jurados.
A Mocidade, última do Grupo
Especial a se apresentar, fez um
desfile correto sobre a prevenção
de acidentes de trânsito. Em 2003,
já havia optado por um tema educativo, a doação de órgãos.
A Viradouro entrou na Sapucaí
surpreendendo pela plasticidade.
A comissão de frente, coreografada por Deborah Colker, da companhia de dança que leva seu nome, trouxe bailarinos que saíam
de uma casa com uma corda,
abrindo caminho para a escola. À
frente, os atores Murilo Rosa e
Cássia Kiss, grávida de sete meses,
como personagens centrais.
A corda é o símbolo maior da fé
dos romeiros do Círio de Nazaré e
a casa, seu pedido mais comum.
Na procissão paraense, os fiéis lutam para segurar na corda que
circunda o carro com a imagem
de Nossa Senhora de Nazaré.
Dezenas de pessoas caracterizados de romeiros -com barcos e
casas na cabeça, pedidos à santa- seguiam a comissão de frente. Os componentes faziam gestos
de verenação, com os braços levantados para o alto, durante o refrão do samba - "Ó, Virgem
Santa, olhai por nós/Olhai por
nós, ó, Virgem Santa/pois precisamos de paz".
A bateria da Viradouro também
seguiu uma coreografia. Os ritmistas se ajoelhavam na Sapucaí
cada vez que o refrão era cantado.
Com um enredo sobre a história
do pau-brasil, a Imperatriz Leopoldinense foi quase perfeita. Diretores da escola tiveram trabalho
para separar componentes de alas
diferentes que insistiam em desfilar juntos. Isso poderá lhe tirar
pontos de harmonia.
A carnavalesca Rosa Magalhães
mostrou outra vez que sabe combinar cores. Alas em tons de lilás,
roxo e vermelho produziram belos efeitos na avenida, assim como
o abre-alas, com uma bruxa misturando um caldeirão, e o último
carro, inspirado na obra do arquiteto espanhol Antonio Gaudí.
A Império Serrano, que reeditou a "Aquarela Brasileira", samba de 1964 e considerado um dos
mais bonitos da história dos desfiles, foi recebida na Praça da Apoteose com gritos de "é campeã".
Mas a escola, que enfrenta problemas financeiros, veio com alegorias e fantasias pouco sofisticadas.
A porta-bandeira caiu em frente
aos jurados. A Tradição esteve
melhor, mas também não contou
com o luxo de uma Mangueira.
A verde-e-rosa brilhou no domingo ao falar do caminho do ouro, que ligava Minas ao Rio no século 18. Chamaram a atenção a
comissão de frente, coreografada
pelo dançarino Carlinhos de Jesus, e os carros alegóricos bem
acabados. Um deles trazia réplicas em movimento dos profetas
de Aleijadinho.
A Portela, que fechou o desfile
de domingo, veio com um samba
antigo: "Lendas e Mistérios da
Amazônia", de 1970, último ano
em que a azul-e-branco de Madureira (zona norte) ganhou um
campeonato sozinha. A escola
passou animada, mas sem luxo.
Outra que se destacou e pode ficar entre as cinco que estarão no
desfile das campeãs, sábado, é a
Unidos da Tijuca, que mostrou
criatividade num enredo sobre a
ciência. A apuração acontece hoje, a partir das 15h.
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