Folha de S.Paulo - Morre Maria Rita, mulher de Roberto Carlos - 21/12/1999

A pedagoga Maria Rita Simões Braga, 38, mulher do cantor Roberto Carlos, foi enterrada ontem às 16h30 no cemitério municipal da Vila Mariana (zona sudoeste de São Paulo). Maria Rita tinha câncer e morreu anteontem às 23h, no hospital israelita Albert Einstein, onde estava internada desde 24 de novembro.
Segundo a Guarda Civil Metropolitana, entre 1.000 e 2.000 pessoas acompanharam o enterro, inclusive o próprio cantor e seu parceiro Erasmo Carlos.
Desde as 6h de ontem, o corpo foi velado no hospital Albert Einstein, onde só foi visto por parentes, amigos, artistas e políticos, como Hebe Camargo, Chitãozinho e Xororó, Chico Anysio, Tom Cavalcante, Ronnie Von, Wanderléa, Paulo Maluf e Celso Pitta.
Roberto permaneceu o tempo todo ao lado do corpo da mulher, com quem se casou há três anos e meio. Segundo Sérgio Daniel Simon, médico de Maria Rita, o cantor estava ao lado dela no momento da morte. A apresentadora Hebe Camargo contou que Roberto não dormiu nos últimos dias, "para aproveitar os momentos em que ela podia conversar".
Devido à doença da mulher, Roberto Carlos cancelou shows e o especial de fim de ano da Globo, programa que realiza há 25 anos.
Durante o velório, houve pelo menos dois momentos em que Roberto chorou ao cantar a música "Nossa Senhora", que teria dedicado a Maria Rita.
O primeiro foi às 11h, quando o padre cantor Antônio Maria rezou um terço, seguido da música. Depois, às 14h, quando foi celebrada a missa de corpo presente.
A missa, que durou uma hora e 15 minutos, foi comandada por dom Fernando Figueiredo, bispo da Diocese de Santo Amaro, e teve a participação dos padres cantores Marcelo Rossi, Jorjão e Antônio Maria, além do padre Manoel Luis Barros da Mota.
Roberto chegou ao cemitério da Vila Mariana pouco depois das 16h. Foi aplaudido por centenas de fãs, a maioria senhoras de idade. Dentre os artistas presentes ao velório, apenas Erasmo Carlos e os padres Jorjão e Antônio Maria compareceram ao enterro.
Roberto passou cerca de dez minutos ao lado do caixão. O pequeno espaço em frente à sepultura e o grande número de parentes e amigos fizeram o cantor voltar para o carro. Centenas de fãs se retiraram do cemitério, mas, minutos depois, Roberto voltou com um terço e orou ao lado do caixão. Foi embora às 16h40.

Câncer
Assinado pelo oncologista Sérgio Daniel Simon, o atestado de óbito informa que Maria Rita morreu em decorrência de "carcinoma neuroendócrino" (tumor maligno que invade outros órgãos). "É um tipo de câncer muito raro e cujo tratamento ainda é empírico", disse Simon.
Maria Rita descobriu que tinha câncer, inicialmente no útero, em setembro do ano passado. A pedagoga foi tratada no Rio, pelo médico Jorge Resende. O médico tentou retirar o tumor, mas não conseguiu porque já estava muito grande -do tamanho de um mamão papaia, segundo Simon.
Quando Maria Rita passou a se tratar no Albert Einstein, ainda no ano passado, o tumor já tinha atingido os gânglios do útero e os paramétrios (tecidos que dão sustentação ao útero).
Após pequena cirurgia para desobstruir as vias urinárias, Maria Rita passou por tratamentos de quimioterapia (medicamentos) e de radioterapia (raios que destroem as células cancerígenas).
Em julho, apesar de não ter desaparecido, o tumor estava reduzida à metade. A reação chegou a ser comemorada com uma missa, em agosto, encomendada por Hebe Camargo.
Em setembro, apareceram novos tumores no gânglio cervical (na região do pescoço) e no mediastino (entre os pulmões e a coluna vertebral). A pedagoga fez outra radioterapia na coluna e, em outubro, se submeteu a uma hormonoterapia nos EUA. "Mas ela não respondeu ao tratamento e o tumor do útero voltou a crescer", disse Simon.
Em novembro, Maria Rita teve convulsões e os médicos descobriram um tumor no cérebro. Há uma semana, o quadro dela era dado como irreversível.

Casamento
Maria Rita e Roberto Carlos se conheceram em Serra Negra (SP), em 1977, quando ela tinha 16 anos. Os pais dela proibiram o romance, alegando a diferença de idade. Na época, Roberto estava se separando de Nice, sua primeira mulher, que morreria de câncer em 1990.
Voltaram a se encontrar em 90, em um show em Campos do Jordão, quando o cantor já tinha se separado da atriz Myrian Rios. Em 91, o casal passou a morar junto. Casaram-se em abril de 96.

(DANIEL CASTRO e IVAN FINOTTI)

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